abominação
abominação
O termo “abominação” (to’ebah ou toevah) é um termo religioso, usualmente utilizado para condenar a idolatria e não propriamente um mal moral. De acordo com alguns autores, o verso bíblico parece se referir ao templo de prostituição, uma prática comum no Oriente Médio na época de Moisés. Qadesh se referia aos homens que praticavam a prostituição religiosa como forma de idolatria, prática comum entre os povos politeístas. A passagem está cercada por outras contra o incesto, a bestialidade, o adultério e relações sexuais com mulher menstruada. Entretanto, segundo os estudiosos, é o único verso desta passagem que utiliza o termo religioso abominação.
(LV 18:22) "Com homem não te deitarás, como se fosse mulher; abominação é;"
(LV 20:13) "Quando também um homem se deitar com outro homem, como com mulher, ambos fizeram abominação; certamente morrerão; o seu sangue será sobre eles."
Esta condenação a atos homossexuais advém de várias causas: sociais, culturais, ritualísticas e históricas.
Uma pequena e fortificada comunidade como a dos judeus necessitava de uma poderosa ética social para a procriação a fim de garantir a perpetuação de seu povo diante da tremenda taxa de mortalidade infantil, doenças, baixa expectativa de vida e guerras constantes. A procriação era valorizada como uma benção de Deus e uma prova de sua satisfação. A esterilidade era vista como uma maldição de Deus e justificativa para se abandonar uma esposa, já que os homens nunca eram vistos como os prováveis “culpados” da falta de filhos de um casal.
(DT 7:14) "Bendito serás mais do que todos os povos; não haverá estéril entre ti, seja homem, seja mulher, nem entre os teus animais."
A sociedade patriarcal da antiga comunidade dos hebreus enfatizava a dignidade do homem sustentada, politicamente, por batalhas vitoriosas, domesticamente, por dominarem suas mulheres e, biologicamente, por meio da procriação.
Os atos homossexuais ficaram culturalmente estigmatizados no Oriente Médio como um sinal de submissão e desprezo. Os Egípcios, por exemplo, estupravam publicamente seus inimigos derrotados (homens e mulheres) a fim de humilha-los. As mulheres, por serem consideradas inferiores. E os homens, para compara-los às mulheres.
Em nenhuma passagem da Bíblia existe uma condenação da homossexualidade em si. Os autores bíblicos sempre enfatizaram como sendo ela uma “circunstância agravante” de outras práticas, como a idolatria, a prostituição com rituais sagrados, promiscuidade, estupro violento e sedução de crianças.
A cultura presente entre os cananeus, por exemplo, costumava praticar a adoração de ídolos, algo “abominável” perante Deus, segundo os hebreus.
Além disso, existia entre os hebreus a noção do pecado original, bem como um conceito de que a semente do macho que fosse desperdiçada significava a “não-geração” de um novo filho de Israel.
Segundo os estudiosos, no livro de Levíticus a palavra “abominação” é traduzida da palavra hebraixa toevah, a qual se refere, especificamente, a ídolos. Uma vez que a cultura do povo cananeu incluía ritos de fertilidade e que eram, na verdade, várias espécies de intercurso sexual nos templos, qualquer identificação com aqueles ritos era considerada desagradável aos olhos de Deus. Toevah pode ser interpretada como alguma coisa que desagradava Deus porque ela tinha de ser praticada com ídolos.
Sugerir que as proibições desta passagem em Levíticus se referem à homossexualidade é recusar em reconhecer como também aplicáveis outras sansações contra atividades associadas pelos sacerdotes levíticos da época com a adoração praticada pelos cananeus, também vistas como “abominações”.